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Por Liane Carvalho Oleques

Mestre em Artes Visuais (UDESC, 2010)
Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica (UFSM, 2008)

Sonhos, fantasias, devaneios, inconsciência, ausência de lógica, formaram as bases das criações do movimento surrealista. Fundado em Paris em 1924 o Surrealismo engrossou os movimentos de vanguardas do início do século XX. André Breton foi seu principal porta-voz e lançou, naquele mesmo ano, o primeiro e principal manifesto – o Manifesto Surrealista. Entre seus mais marcantes expoentes nas Artes Plásticas estão: Salvador Dali (1904-1986), Max Ernst (1891-1976), René Magritte (1898-1967), André Masson (1896-1987), Joan Miró (1893-1983). Alguns críticos e autores da arte associam o nome de Frida Kahlo (1907-1954) ao movimento Surrealista, no entanto a própria artista não se considerava uma surrealista, pois estava interessada em retratar suas dores e tragédias pessoais.

Os artistas ligados a esse movimento rejeitavam os valores e os padrões impostos pela sociedade burguesa, seguindo a exploração dadaísta de tudo o que fosse subversivo na arte. Fortemente influenciados pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, os surrealistas seguiram alguns métodos para impedir o controle do consciente na ação artística, desprendendo o inconsciente.

Como parte do seu processo artístico, os artistas desse movimento também exploravam o imaginário dos sonhos como um atributo inquietante e bizarro da vida diária, chegando pedir que pessoas comuns descrevessem suas experiências oníricas como uma forma de montarem arquivos para suas produções. Assim os surrealistas concebiam o inconsciente como um meio de imaginação, as formas e imagens não poderiam prover da razão, mas de impulsos e sentimentos irracionais e surreais.

Os artistas desse movimento se diferenciavam quanto ao estilo adotado. Enquanto as formas e linhas de Masson provinham de pincelados livres, Magrite e Dalí tinham imagens realistas criando cenas oníricas.

A obra “A persistência da memória” de Salvador Dalí é uma das mais representativas desse movimento. Os três relógios derretidos juntamente a uma espécie de autorretrato do artista representam o Surrealismo de Dalí diante da irrelevância da passagem do tempo que dizia não perceber e que não tinha nenhum significado para ele. Uma curiosidade sobre esta obra conta que numa tarde quente em seu ateliê, Dalí teve um delírio ao ver um queijo derretendo em função do forte calor. Nascia aí à ideia para de pintar os relógios derretidos e associá-los a passagem do tempo.

Não há uma data que determine o fim do Surrealismo, pois influencia até o presente, artistas de todo mundo. No Brasil é possível encontrar características do Surrealismo nas obras de Tarsila do Amaral e Ismael Nery.

Referências:
LITTLE, Stephen. …ismos: para entender a arte. Brasil, Ed. Globo, 2011.
Pinacoteca Caras. São Paulo: Editora Abril, 1998, nº 06.